A Pesquisa Doação Brasil chega à sua quarta edição, trazendo novos dados sobre o comportamento do doador individual brasileiro. O estudo, coordenado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e realizado pelo IPSOS, é focado no comportamento dos doadores individuais, ou seja, do cidadão comum — aquele que doa do próprio bolso, tempo ou bens, e não empresas ou fundações.
O panorama do período analisado, 2024, mostrou que nada menos que 78% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação. Seja em dinheiro, tempo ou recursos materiais, o ato de doar está mais presente no dia a dia do que se imagina. Desses, 43% destinaram dinheiro diretamente a ONGs, campanhas ou grupos organizados, e metade contribuiu para situações emergenciais. Ainda assim, quase a mesma proporção, 49%, admitiu já ter deixado de doar após se deparar com notícias negativas envolvendo organizações.
No total, os brasileiros doaram o equivalente a 24,3 bilhões de reais em 2024, o maior volume já registrado desde a primeira edição da pesquisa, mesmo considerando a inflação. Esse número fala por si: o país doa mais, doa de diferentes formas e encontra novas razões para continuar doando, apesar das desconfianças.
Aspecto interessante é o fato de que os brasileiros creditam, de forma equilibrada às empresas, além do governo e população, a responsabilidade pela resolução dos problemas sociais e ambientais, com as ONGs aparecendo em posição ligeiramente inferior.
Em 2024, as doações em situações emergenciais foram em volume relevante, dado esperando considerando-se que aconteceram 3 eventos considerados sem precedentes por sua gravidade: enchentes causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul; as secas, incêndios e calor extremo no Pantanal e seca e falta de chuva na Bacia Amazônica. Metade dos brasileiros contribuiu de alguma forma em situações emergenciais, o que comprova um alto nível de engajamento da comunidade, e atesta maior exigência com relação ao comportamento das empresas.
No que diz respeito ao papel das empresas, ainda com relação a situações de emergência, 70% dos brasileiros, segundo a pesquisa, afirmam valorizar e lembrar das companhias que contribuem nesses momentos. Para 48% deles, é responsabilidade das empresas realizar doações em contextos emergenciais, e 46% consideram que as empresas ainda não doam o suficiente durante crises.
Antoine Kolokathis, diretor e fundador da Direção Cultura, repercute os resultados do estudo. “Embora a pesquisa seja focada no doador individual, ela reforça mensagens importantes para as empresas. Se a gente tem um número de 78% de brasileiros que realizam algum tipo de doação ao longo de um ano, é mais do que natural que esse público espere das empresas que admira um posicionamento semelhante, ou seja, exercer responsabilidade social de maneira robusta e continuada pode fazer muita diferença na percepção que a marca tem perante a população”, comenta.
“Outro item que salta aos olhos na leitura da pesquisa é a questão da confiança. Em resumo, ela mostra que a cultura de doação no Brasil é forte, mas atravessada por dilemas. O país doa mais do que antes, mas também exige mais: transparência, seriedade e histórias que inspirem confiança. Para as ONGs, investir em transparência, precisão e profissionalismo no uso dos recursos vindos de doações é fundamental.”, completa Antoine, que finaliza com uma dica valiosa para entidades do terceiro setor e empresas:
“ONGs e empresas que ainda não fazem uso das leis de incentivo estão abrindo mão de uma poderosa ferramenta que pode combinar a prática da responsabilidade social com segurança, previsibilidade, transparência e, claro, transformação social. Há projetos aprovados, prontos para receber apoio de empresas patrocinadoras, executados por entidades altamente competentes, dedicadas às mais deferentes causas. Nosso trabalho é justamente facilitar esses encontros entre entidades, proponentes e patrocinadores, guiando-os em todo o processo do uso das leis”.
Confira mais detalhes da pesquisa aqui.